MELLO, Márcia
Cristina de Oliveira. O pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Revista
Moçambras: acolhendo a alfabetização nos países de língua portuguesa, São
Paulo, ano 1, n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.mocambras.org>.
Publicado em: março 2007.
Foi
a partir dos “anos de 1980 são divulgados, no Brasil, os resultados dos estudos
realizados pela pesquisadora argentina, Emilia Ferreiro, e seus colaboradores,
contendo uma nova abordagem do processo de aquisição da língua escrita pela
criança”. (MELLO,2007, p.85).
Com
isso “Dada a importância do pensamento dessa pesquisadora, é preciso
compreendê-lo de um ponto de vista histórico: qual o seu significado, o que
representou e o que representa para a história da alfabetização no Brasil?” (MELLO,2007,
p.86).
No
qual “Essas constatações fizeram-me confirmar meu interesse de pesquisa inicial
e eleger como corpus para análise o livro Psicogênese da língua escrita,
escrito por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, traduzido, no Brasil, em 1985”.
(MELLO,2007, p.87).
“Emilia
Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colaboradores, pesquisa
empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a psicogênese da língua
escrita, a qual foi divulgada em diversos países, dentre eles, o Brasil. Sua
atuação profissional revela, também, o compromisso político em contribuir na
busca de soluções para se enfrentar o problema do analfabetismo”. Sendo que “Ferreiro
afirma ter feito uma ―revolução conceitual‖ a respeito da alfabetização, por
ter ―mudado‖ o eixo em torno do qual passavam as discussões sobre o tema: dos
debates sobre os métodos e os testes utilizados para o ensino da leitura e da
escrita para a idéia de que não são os métodos que alfabetizam, nem os testes
que auxiliam o processo de alfabetização, mas são as crianças que (re)constroem
o conhecimento sobre a língua escrita, por meio de hipóteses que formulam, para
compreenderem o funcionamento desse objeto de conhecimento”. (MELLO,2007,
p.87).
“Desde
o início da divulgação do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização em nosso país, em meados dos anos de 1980, as tensões decorrentes
da apropriação desse pensamento no âmbito de propostas oficiais estavam
relacionadas com as discussões sobre o significado da ―revolução conceitual‖
proposta por Emilia Ferreiro”. (MELLO,2007, p.88).
“A
análise de Psicogênese da língua escrita propiciou confirmar sua relevância no
que se refere à compreensão do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro
sobre alfabetização. Essa importância deriva justamente do fato de nele estar
contida o que denomino ―matriz invariante‖ desse pensamento, considerado pelas
autoras do livro, como já mencionei, e por outros pesquisadores, uma ―revolução
conceitual‖ em alfabetização”. (MELLO,2007, p.90).
Nos
textos escritos posteriormente por Ferreiro, observa-se que a pesquisadora vai
expandindo essa matriz de seu pensamento. Neles, a pesquisadora amplia e
aprofunda as primeiras formulações sobre a teoria da psicogênese da língua
escrita, conciliando relatos de situações e resultados de investigações
desenvolvidas sobre a aprendizagem da língua escrita, seja por parte de
crianças, seja por parte de adultos, seja por parte de povos indígenas. (MELLO,2007,
p.91).
“Por
fim, vale enfatizar que, depois das tensões iniciais decorrentes da divulgação desse
pensamento – cuja matriz invariante se encontra no livro analisado – e dos
questionamentos por alguns estudiosos do assunto, ele permanece atuante, até os
dias de hoje, nos discursos e nas práticas de alfabetização no Brasil”. (MELLO,2007,
p.91-92).
Nenhum comentário:
Postar um comentário