Contribuições da psicogênese da língua escrita: contribuições, equívoco e consequência para a alfabetização

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa de. Psicogênese da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Pró-Reitoria de Graduação. Caderno de formação: formação de professores: Bloco 02: Didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 2. p. 36-57. (D16 - Conteúdo e Didática de Alfabetização). Disponível em: <http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/40138>. Acesso em: dia mês abreviado ano.

Neste artigo os autores trazem os significativos à alfabetização, e demonstrar os equívocos mais comuns advindos da interpretação desvirtuada dessa teoria. (MENDONÇA; MENDONÇA, p. 37).
A pesquisa mostrou que o analfabeto adulto, assim como as crianças, sabem, mesmo antes de vir para a escola, que a escrita é um sistema de representação e fazem hipóteses de como se dá tal representação. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 38).
A pesquisa está formulada em três grandes períodos: 1) O da distinção entre o modo de representação de imagens ou (não icônica) (letras, números, sinais); 2) O da construção de formas de diferenciação, controle progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de grafias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias); 3) O da fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no alfabético. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 38).
A Psicogênese da língua escrita descreve como o aprendiz se apropria dos conceitos e das habilidades de ler e escrever. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 39).
A seguir os autores descrevem os níveis que a criança passa no processo de aquisição da escrita.  A saber: Nível pré-silábico acriança pensa que pode escrever com desenhos, rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, imaginando que a palavra assim inscrita representa a coisa a que se refere. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 39).
O aluno avança para o próximo nível de escrita, o silábico, quando o professor questiona sobre a quantidade de vezes que abrimos a boca para pronunciar determinada palavra é que o aluno começa a antecipar a quantidade de letras que deve registrar para escrever. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 39).
Ao ultrapassarem os níveis anteriores a criança começa a analisar na palavra suas vogais e consoantes, aqui ela já consegue representar as palavras faladas, com correspondência absoluta de letras e sons, está face é nominada de nível alfabético, ou seja, a criança já se encontra alfabetizada. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 40).

Equívocos da interpretação da psicogênese da língua escrita

A partir das mudanças da linha de ensino das escolas foram levando alguns professores a um grande conflito metodológico. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 40).
O equívoco que se configura na exclusão da experiência silábica do professor parece ser fruto de algumas orientações pedagógicas, surgidas no afã de combater as atividades mecanicistas herdadas das cartilhas. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 43).
A criança pensa, raciocina, inventa, buscando compreender a natureza desse objeto cultural – a escrita – em um processo dinâmico em constante construção de sistemas interpretativos. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 43).
Ferreiro (1990, p. 1) quando ela própria admite que, enquanto a segmentação silábica está ao alcance de qualquer locutor não-alfabetizado, a segmentação em fonemas não se desenvolve naturalmente, devendo ser ensinada explicitamente, o que parece transformar em certeza o caráter essencial do desenvolvimento da consciência fonêmica, a partir da didática silábica, e da consciência do mundo ao redor, através da palavra geradora. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 45).

Consequências dos equívocos da interpretação da psicogênese da língua escrita

Fracasso escolar de 50% dos ingressantes nas, então, 1ª séries, os professores iniciaram um trabalho de elaboração de Propostas Pedagógicas e de treinamento de Supervisores de Ensino. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 45).
Houve uma tentativa de metodização da Psicogênese da língua escrita, ou seja, os organizadores de tais propostas tentaram, à luz da teoria, criar um método revolucionário, inovador de alfabetização. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 45).
A Psicogênese da língua escrita não é método, mas é comum, ao se questionar um alfabetizador sobre qual é seu método de ensino, obter-se a resposta: “método construtivista”. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 45).
Assim, alfabetizar significa ensinar uma técnica, a técnica do ler e escrever. Quando o aluno lê, realiza a decodifica- ção (decifração) de sinais gráficos, transformando grafemas em fonemas; quando ele escreve, codifica, transformando fonemas em grafemas. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 46).
Soares demonstra que Letramento refere-se aos usos de competências de leitura e de escrita por um indivíduo que já domina o código. Alfabetização e Letramento constituem, portanto, dois processos diferentes, em termos de processos cognitivos e de produtos, porém indissociáveis. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 46).
Letrar é uma tarefa extremamente ampla que, por definição, envolve habilidades múltiplas de ler, interpretar e produzir textos adequados às exigências sociais. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 47).
As atividades didáticas incentivadas pelos intérpretes do construtivismo, sob a pretensão de contextualizar o trabalho, fazendo o aluno aprender “em contato com o objeto de conhecimento”, na realidade são estratégias de letramento e não de alfabetização. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 47).
A escrita é a habilidade do sujeito em transcrever a fala, obedecendo a uma série de características discursivas específicas da língua escrita, pois falamos de um jeito e escrevemos de outro. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 49).
Não precisa ensinar, a criança aprende sozinha: um outro equívoco divulgado à época era o de que o professor não precisava ensinar, porque a criança aprendia sozinha. Dizia-se, também, que o professor não precisava desenvolver um trabalho sistemático de alfabetização, pois deveria exercer a função de “mediador” do conhecimento. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 49).

Dificilmente, se encontram professores que conseguem desenvolver um trabalho sistematizado. Infelizmente, a maioria limita-se a reproduzir as estratégias de nível pré-silábico de modo aleatório, muitas vezes entregam a atividade sem fornecer orientações sobre o que é para ser feito. (MENDONÇA; MENDONÇA p. 50).


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