Conceituando alfabetização e letramento

ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (Org.). Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p. 11-22.

Para autora “A alfabetização considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos analíticos (global) –, que padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita”. (ALBUQUERQUE, p. 11).

Com isso “A maioria de nós, que passamos pela alfabetização até as décadas finais do século passado, também teve uma experiência escolar com ênfase na “codificação” e ‘decodificação”. (ALBUQUERQUE, p. 12).

Com isso na “ década de 1980, o ensino da leitura e da escrita centrado no desenvolvimento das referidas habilidades, desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a memorização de sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente criticado”. (ALBUQUERQUE, p. 15)

Pesquisa feita “No campo da Psicologia, foram muito importantes as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984). as autoras defenderam uma concepção de língua escrita como um sistema de notação que, no nosso caso, é alfabético”. (ALBUQUERQUE, p. 15)

No processo de apropriação do sistema de escrita alfabética, os alunos precisariam compreender como esse sistema funciona e isso pressupõe que descubram que o que a escrita alfabética nota no papel são os sons das partes orais das palavras e que o faz considerando segmentos sonoros menores que a sílaba. (ALBUQUERQUE, p. 16)

No entanto “o discurso da importância de se considerar os usos e funções da língua escrita com base no desenvolvimento de atividades significativas de leitura e escrita na escola foi bastante difundido a partir da década de oitenta”, de “analfabetismo funcional” para caracterizar aquelas pessoas que, tendo se apropriado das habilidades de “codificação” e “decodificação”, não conseguiam fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais”. (ALBUQUERQUE, p. 16)

No Brasil, o termo letramento não substituiu a palavra alfabetização, mas aparece associada a ela. (ALBUQUERQUE, p. 16)

Porem “Por outro lado, o domínio do sistema alfabético de escrita nãogarante que sejamos capazes de ler e produzir todos os gêneros de texto”, “mesmo em países desenvolvidos onde o índice de analfabetismo é praticamente inexistente, o fenômeno do letramento passou a ser amplamente discutido”, sendo que no qual “os alunos saem da escola com o domínio das habilidades inadequadamente denominadas de “codificação” e “decodificação”, mas são incapazes de ler e escrever funcionalmente textos variados em diferentes situações”. (ALBUQUERQUE, p. 17-18)

“As práticas de leitura e produção de textos desenvolvidas na escola, relacionadas a um “letramento escolar”, não se adequaria, conforme certas expectativas, ao desenvolvimento socioeconômico-cultural de nossa sociedade, em que os indivíduos convivem em contexto sem que a escrita se faz presente de forma mais complexa”. (ALBUQUERQUE, p.18)

“Sabemos que, para a formação de leitores e escritores competentes, é importante a interação com diferentes gêneros textuais, com base em contextos diversificados de comunicação”. “é imprescindível que os alunos desenvolvam autonomia para ler e escrever seus próprios textos”. (ALBUQUERQUE, p.19)

“A leitura e a produção de diferentes textos são tarefas imprescindíveis para a formação de pessoas letradas”. “É preciso ler e produzir textos diferentes para atender a finalidades diferenciadas, a fim de que superemos o ler e a escrever para apenas aprender a ler e a escrever”.  “Por outro lado, um trabalho sistemático de reflexão sobre o sistema de escrita alfabético não pode ser feito apenas através da leitura e da produção de textos, é preciso o desenvolvimento de um ensino no nível da palavra, que leve o, aluno a perceber que o que a escrita representa (nota no papel) é sua pauta sonora, e não o seu significado, e que o faz através da relação fonema/grafema”. (ALBUQUERQUE, p.20)


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